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segunda-feira, 2 de março de 2009

Luis Represas - Enquanto



Enquanto mortos e vivos
Enquanto
Enquanto vivos ou mortos
Nós somos
Os vivos que querem viver
Por enquanto
Temos os mortos que não tiveram tanto

Enquanto vivos
E vivos assim
Sentimos vozes
Por ti e por mim
Que a noite e o dia
Não cabem no sermos
De sermos o mesmo
De todos os dias

Enquanto caem palavras
Do cimo de torres
Gemidos do fundo de heróis
Vão calando a noite

Crianças de uniforme grande
Limparam o mundo de risos
Deixando espalhados nos cantos
Bocados de paz

Enquanto todos os dias
Nos vendem
O sofrimento de longe
Tão perto
Vão consumindo o azul
E as cores da terra
Sabendo nós que a paz
Não é só o contrário da guerra

Enquanto vivos
E enquanto formos
Grita a vontade
De deixarmos vivos
Os cheiros e as imagens
Que sentimos
E não só lemѢranças
Deixadas em arquivo

Enquanto morrem as arvores
O verde
Torna-se terra de corpos
De guerras.
Queremos tambores e guitarras
Voando nas ruas
Com a alegria da vida
Que não devia ter fim

Luis Represas - Ausencia e Tu



A noite já não cai como caía dantes
E a lua não se expõe com tanto avontade
As ruas brilham menos por não ter brilhantes
Que alguém roubou do guarda jóias da cidade

Cansadas estão as penas dos nossos poetas
Que correm nos papeis em busca dos amantes
P´ra lhes dar um motivo p´ra guiar as setas
Que os cupidos que restam lançam delirantes

Só tu me dás motivos p´ra manter acesa
A luz que brilha junto da minha janela
Alguma coisa quente e flores sobre a mesa
Algum amor que se consome numa vela

Já tudo em volta parece estar deserto
Contudo um cheiro intenso me revolve o fundo
Da alma só me resta um desejo certo
De me saber sozinho contigo no mundo

Se o sol tiver a força que duvido ter
De matar as dúvidas que a noite tem
Certamente um olhar se trocará com outro
Adivinhando um beijo que decerto vem

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Luis Represas - Quando me Perco



Quando me perco
busco um abrigo
ou um tecto que não tolha os meus sentidos
E se o teu céu, por ser maior,
cobrir o pranto?
eu vou!

Quando me peco
sigo uma estrela
que não brilha igual
em todo o firmamento.
E se cair para lá das ilhas encantadas?
eu vou!

Se o teu nome não fosse
o do pecado,
ou da benção que o céu
hoje me deu,
nem por montes,
nem por mares
onde o sol nunca nasceu,
perderia o rasto
de um sorriso teu!

Quando me perco
sigo uma voz
que me chama bem do fundo
das certezas.
Mesmo que chegue
como um canto de sereia?
eu vou !

Quando me perco
ou se me encontro,
ou se me der para ser banal
tal como agora,
tudo não passa
da vontade de dizer?
eu estou !

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Luis Represas - Chave dos Sonhos



Luz sai da frincha, é manhã
Sei que o dia já desarvora
Chave dos sonhos na mão
Olho-te e vais embora

Sais pela rua velo
Sinto a brisa do teu corpo perto
Chave dos sonhos guardei
No quarto já deserto

Passei a noite em claro
Passei p´la noite em ti
E abri com a chave dos sonhos
A porta e a varanda que em sonhos abri

São mais confusas agora
As imagens que em ti eu tocava
Eram do sonho ou de olhar
O que o prazer mostrava ?

Chave dos sonhos na mão
Entrarei em qualquer fechadura
P´ra lá da porta, o melhor
É sempre da aventura

Guardo com a chave dos sonhos
Segredos que o corpo merece
Se alguém não quis arriscar
Então que o não tivesse

Ontem arriscaste mais
Do que uma simples coisa exigia
Deste-me a chave dos sonhos
O caos e a harmonia

Luis Represas - Ao Fim ao Cabo



Ao fim ao cabo a Lua
Já nos pareceu mais clara,
Porque antes em redor
A noite era negro carregada!
E como se fosse luz
Ao fundo do túnel prometida
Avançamos sem medo
E com vontade!

Se os passos eram longos
Outros mais longos fomos dar
Até que outros mais longos
Fossem possíveis de alcançar
Pois passo atrás de passo
Também os rios vão dar ao mar
Seguros de que não podem regressar.

Vai
Sem desistir de procurar
Ver
Se os trilhos ainda estão marcados
Vai reviver as estradas velhas
E apontar o rumo de outras novas estradas

Desapareceram vidas
E companhias costumeiras
Algumas por trocarem por companhias derradeiras
Mas mesmo assim persistem apresentadas nas
fileiras
Guardando o cofre das recordações.

E dia a dia o tempo
Se desintegra e se recria,
E as horas para trás
Chamam-se noite ou gritam dia.
O Galo não se importa
Com o despertar da Cotovia-
Afinal, é livre de dizer Bom Dia!

Luis Represas - E foi Dezembro



E foi Dezembro
Dito
Em tua voz
Que as minhas mãos
Colheram
Devagar.

E foi Dezembro
Escrito
Quando a sós
Tudo disseste
Quase
Sem falar.

Foi um palco
Vazio
A acontecer
No frio
Que se ergueu
Dentro de nós.

Uma distância
O mar
Que se estendeu
A separar da minha
A tua mão.

E foi Dezembro
Inteiro
A anunciar
A solidão
Dos dias
Por nascer.

E foi Dezembro
À chuva a reviver
As pedras
E os rios
E os luares.

Os nomes
Que vestiam
Os lugares
E os sonhos
Repartidos
Que não fomos.

A coragem
Nascida
De aceitar
A verdade de ser
O que hoje somos.

E foi Dezembro
Vivo
Na roseira
Despida
No silencio
Do jardim.

E foi Dezembro
Ainda na cegueira
Das asas de uma ave
Que há em ti.

Foi um tempo
De amantes
A aprender
Que não deve esquecer-se
O verbo amar.

Ou um inverno
Apenas
A perder-se
Da primavera
Do primeiro olhar.

Luis Represas - Feiticeira



De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada

De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado

De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido

De que fontes de que águas
De que chão de que horizonte
De que neves de que fráguas
De que sedes de que montes
De que norte de que lida
De que deserto de morte
Vieste tu feiticeira
Inundar-me de vida.
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